Os Cursos Tecnólogos são Inferiores ou os Estudantes do Tecnólogo são Inferiores?

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Tecnólogo

Autores: Alexandre Nicolini (Ciência e Ação), Reinaldo Viana (UNIRIO)

Na última edição do EnadeDrops abordamos uma questão admirável para muitos gestores que não conhecem os fatores condicionantes do desempenho neste tipo de exame, mas que já não se constitui uma novidade para nossos 1.745 leitores (e contando…): uma mesma prova pode ser fácil para uma carreira e difícil para outra em função do perfil socioeconômico dos ingressantes. O link para este microartigo está aqui abaixo:

Por que uma prova é fácil para uns e difícil para outros?

O sexto EnadeDrops vai seguir nesta mesma linha mas se utilizando de pontos de vistas e argumentos distintos. Relembremos o quanto o curso de Medicina apresentou um desempenho significativamente melhor que o curso de Serviço Social na prova de Formação Geral (FG), uma prova que é igual para todos os cursos num mesmo ciclo avaliativo e que – felizmente – garante a comparabilidade dos seus desempenhos.

Entretanto, no último microartigo optamos por comparar dois cursos que estavam nos extremos de performance na edição de 2016, Medicina no topo, Serviço Social na base. Hoje vamos fazer uma outra alegoria: como se saem os cursos de bacharelado na comparação com os cursos de tecnologia? Afinal, historicamente se acredita que os cursos de tecnologia recebem estudantes com menor capital intelectual, mas esta série de microartigos tem como meta sempre colocar frente a frente os mitos e os fatos!

Analise a tabela abaixo, que mostra todas as carreiras de bacharelado avaliadas em 2015. Não há uma consistência nos dados que nos permita afirmar que a prova objetiva foi mais fácil que a discursiva, uma vez que há cursos que foram melhores nas questões objetivas, outros que performaram mais nas questões discursivas e há ainda os que tiveram índices de acerto semelhantes. Ou seja, há uma possibilidade de desempenhos em FG que questiona qualquer determinismo (ou desculpa) que possa ser utilizado como argumento para uma baixa performance neste componente.

Bacharelados avaliados no Enade 2015

Já a análise da próxima tabela mostra com clareza que na média os cursos de bacharelado avaliados em 2015 conseguiram um desempenho cerca de 10% superior aos cursos de tecnologia tanto na Prova Objetiva de FG (ObjFG), como na Prova Discursiva de FG (DisFG) o que seria suficiente para alavancar significativamente o desempenho de um curso de tecnologia – no mínimo meia faixa conceitual – caso ele pudesse receber apenas estudantes de bacharelado.

Tecnólogos avaliados no Enade 2015

Essa é uma situação que vai se agudizar na edição de 2016 do ENADE, como pode ser visto na tabela a seguir. Lembrem-se que não podemos cair na tentação de acreditar que os estudantes da área de Ciências Sociais são melhores que os de Ciências da Saúde analisando as tabelas de ambas as edições, uma vez que os desempenhos não são comparáveis nem em FG porque as provas são de edições diferentes.

Bacharelados avaliados no Enade 2016

Contudo, é fato que os estudantes de tecnologia na área da Saúde chegaram a ter um desempenho 25% inferior que os de bacharelado na prova ObjFG, conforme mostram os percentuais de aceto da tabela aqui debaixo:

Tecnólogos avaliados no Enade 2016

Ainda que não tenhamos comparado os números de 2014, uma vez que esta edição tem pouquíssimos tecnólogos a inviabilizar a comparação, parece evidente que se compararmos o perfil socioeconômico dos estudantes de bacharelado com os dos tecnólogos já imaginamos quem penderá para o lado mais pobre da balança. Esse será o tema da próxima edição do EnadeDrops.

Existem, consequentemente, decisões estratégicas e decisões acadêmicas que decorrem destas análises que vamos encerrando. No primeiro grupo, cada IES deveria avaliar se os Cursos Superiores de Tecnologia (CST) realmente se coadunam com seu posicionamento mercadológico, com o portfólio de cursos oferecidos e – claro – com o tíquete médio que quer praticar. No segundo grupo, a IES deveria ter claro qual o objetivo da formação do CST, quais são as competências primordiais para estes profissionais e, finalmente, como captar o público certo para estes cursos. Cada vez que uma IES organiza um curso de CST como um curso de graduação empobrecido, ela perde duas vezes: porque seu desempenho no Enade será tão sofrível quando a proposta curricular; e porque o posicionamento pouco efetivo vai dificultar a colocação no mercado de quem deveria fazer propaganda da formação recebida.

No nosso próximo encontro vamos novamente confrontar o mito com o fato, e as nossas conclusões deverão bastar para encerrar com chave de ouro nossas análises relativas à FG. Não se esqueça de clicar nos nossos perfis o botão CONECTAR para conversar conosco e o botão SEGUIR para que nossos microartigos apareçam na sua timeline assim que forem publicados. São dois minutos de leitura para evitar dois anos de dores de cabeça. Curta, compartilhe e comente esse artigo e os anteriores com seus dirigentes, coordenadores, membros de NDE, professores e tutores. Até o EnadeDrops da próxima quarta!

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