Os estudantes de EaD chegam fracos à universidade ou ficam fracos depois dela?

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Enade

Autores: Alexandre Nicolini (Ciência e Ação), Reinaldo Viana (UNIRIO)

Nas últimas edições do EnadeDrops , abordamos o desempenho dos cursos presenciais (PSN) e dos cursos a distância (EaD) no Enade, analisando a faixa de conceitos Enade (1,2,3,4,5) com foco na distribuição dos cursos e dos Concluintes no contexto das faixas.

De um modo geral, percebemos que o desempenho Brasil, desconsiderando raras exceções, corresponde a uma nota baixa: poucos são os cursos que chegam a ter performance superior a 50% na Nota Geral – calculada levando em conta 25% da Formação Geral e 75% da Formação Específica. Percebemos também que, na maioria dos casos, a performance EaD é inferior à dos cursos PSN.

É importante salientar que o Enade corresponde a um dos indicadores que compõem o Conceito Preliminar de Curso (CPC). Outro componente, de suma importância, é o Indicador de Diferença entre os Desempenhos Observado e Esperado (IDD). O IDD mensura o valor agregado pela graduação aos estudantes Concluintes, considerando o resultado do Enade e as características de desenvolvimento ao ingressar no curso de graduação em questão – tomando o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) com base e seu desempenho nas tradicionais áreas de Ciências da Natureza, Ciências Humanas, Linguagens e Códigos e Matemáticas e suas Tecnologias.

Para essa edição do EnadeDrops, exploramos o desempenho dos Concluintes no ENEM, sob a perspectiva de um ciclo avaliativo: 2015, 2016 e 2017. Queremos saber se o perfil ENEM dos concluintes EaD é similar ao dos matriculados em cursos presenciais. Para isso, tomamos como base os microdados do IDD referentes aos três últimos anos. Na figura 1 a seguir o leitor encontra a nota ENEM dos Concluintes Enade referente aos três últimos ciclos.

Figura 1: ENEM dos Concluintes por Ciclo Enade e Categoria (Presencial x EaD), com base nos microdados IDD

Perceba um padrão nos dados: o desempenho ENEM dos Estudantes de cursos presenciais é superior ao dos matriculados em cursos EaD em todo o ciclo avaliado – e esteve se ampliando nos três últimos anos. As diferenças correspondem a 17 pontos em 2015 (3,1%), 31 pontos em 2016 (6,5%) e 41 pontos em 2017 (7,3%).

No entanto, será que o padrão observado ocorre em todos os cursos? Para investigar essa questão, consideraremos somente as graduações ofertadas nas duas categorias: EaD e PSN. Nas figuras 2, 3 e 4 a seguir o leitor encontra os cursos e o desempenho ENEM por categoria nos ciclos 2015, 1016 e 2017, respectivamente:

Figura 2: ENEM dos Concluintes por Curso e Categoria (Presencial x EaD), ciclo 2015

No ciclo 2015, sete dos quinze cursos fugiram do padrão: Tecnologia em Gastronomia, Tecnologia em Gestão Comercial, Tecnologia em Gestão Financeira, Tecnologia em Gestão Pública, Tecnologia em Marketing, além dos cursos de Teologia e Turismo.

No ciclo 2016, dois dos cinco cursos fugiram do padrão: Tecnologia em Agronegócios e Tecnologia em Gestão Hospitalar.

Figura 3: ENEM dos Concluintes por Curso e Categoria (Presencial x EaD), ciclo 2016

No ciclo 2016, dois dos cinco cursos fugiram do padrão: Tecnologia em Agronegócios e Tecnologia em Gestão Hospitalar.

Figura 4: ENEM dos Concluintes por Curso e Categoria (Presencial x EaD), ciclo 2017

No ciclo 2017, três dos vinte e sete cursos fugiram do padrão: Bacharelado em Geografia, Tecnologia em Gestão da Tecnologia da Informação e o de Tecnologia em Redes de Computadores.

Os dados preliminares mostram que, de modo geral, o desempenho no ENEM dos outrora ingressantes nos cursos superiores PRS é superior ao dos cursos PSN, conforme visto na Figura 1. Mas, confirmando que em toda regra há exceções, encontramos logo  12 exceções nos três ciclos avaliativos, que representam mais do que um quarto dos cursos avaliados.

Ou seja, é possível acreditar até aqui que não é a modalidade o fator determinante de sucesso acadêmico dos cursos superiores, pois os estudantes já demonstram maior ou menor habilidade ao ingressar no meio universitário. Agora temos que descobrir se o jogo vira ao longo do ensino superior. Mas esse é um tema para o próximo EnadeDrops.

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