A Formação Geral influencia no Desempenho Geral dos concluintes ou o tipo de formação escolhido é determinante?

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Autores: Alexandre Nicolini (Ciência e Ação), Reinaldo Viana (UNIRIO)

Na última edição do EnadeDrops , abordamos o processo de construção da prova do Enade, com foco no relacionamento entre o perfil do egresso, os recursos,  os objetos de conhecimento e as questões da prova. Usamos como exemplo a prova de Formação Geral (FG) de 2016, exibindo os resultados dos cursos de Medicina. Percebemos que é possível – e desejável que cada instituição saiba como – obter o desempenho de cada curso por objeto de conhecimento, comparando-o à performance nacional (média Brasil) da graduação em questão. 

Na edição dessa semana, dando continuidade ao tema, investigamos o desempenho das graduações avaliadas na edição de 2016, ainda sob a perspectiva da prova de Formação Geral (FG). Resgatamos da edição anterior, o quantitativo de questões por objeto de conhecimento, conforme figura 1 a seguir:

Figura 1: Número de questões por Objeto de Conhecimento (Fonte: Prova de Formação Geral Enade 2016)

Queremos saber como foi o desempenho dos cursos avaliados em 2016 nos objetos de conhecimento mais cobrados na prova (“Ética…” e “Sociodiversidade…”, de acordo com a figura 1). A figura 2 a seguir apresenta o desempenho Brasil dos concluintes nos referidos objetos. Devemos lembrar que:

(i) os concluintes dos cursos em questão fizeram a mesma prova;

(ii) a prova de FG representa 25% da nota geral do aluno, e;

(iii) são abordados conteúdos comuns, ou seja, independentes das especificidades das graduações avaliadas.

Figura 2: Desempenho dos cursos por Objeto de Conhecimento (os mais frequentes) – Formação Geral – Enade 2016.

Note que o curso de Medicina merece destaque, visto que os seus concluintes obtiveram desempenho bastante superior às demais graduações. Estamos certos de que há diversas maneiras para explicar esse comportamento, por exemplo: (i) acirrada concorrência no processo seletivo para Medicina, (ii) os alunos mais favorecidos em termos econômicos (e culturais) ocupam a maior parte das vagas.

Se compararmos os extremos, o desempenho médio dos concluintes de Tecnologia em Gestão Hospitalar foi três vezes menor que o dos concluintes de Medicina, no contexto do objeto de conhecimento “Ética, democracia e cidadania”. Em relação ao objeto “sociodiversidade e multiculturalismo…”, Medicina obteve desempenho superior cerca de 25 pontos percentuais quando comparado ao de Tecnologia em Gestão Hospitalar.

Mesmo se considerarmos o curso de Medicina hors-concours, repare que há uma outra divisão muito nítida, pois os cursos de bacharelado apresentam um desempenho bem superior na comparação com os Cursos Superiores de Tecnologia (CST) – a única exceção é Serviço Social. O decréscimo se apresenta consistentemente, caindo quase 20% nos conteúdos de Ética e quase 50% nos conhecimentos de Sociodiversidade.

Estamos finalizando mais uma edição do EnadeDrops. Analisamos o desempenho dos cursos de graduação avaliados em 2016, sob a perspectiva dos objetos de conhecimento mais cobrados na prova de FG, apenas para que os dados reforcem a nossa expectativa de que os estudantes do Bacharelado chegam melhor preparados do que os estudantes do CST. Lembramos que o mesmo tipo de análise pode ser realizado na prova de Formação Específica, e que esse debruçar sobre os dados fornece uma visão integrada e personalizada para os cursos da sua IES. Mas iremos explorar essas análises futuramente.

Até a próxima edição!

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