Gestão da Aprendizagem: o princípio de tudo!

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Autores: Alexandre Nicolini (Ciência e Ação), Reinaldo Viana (UNIRIO)

Definitivamente no ensino superior, como noutros níveis de educação, atividades de aprendizagem e atividades de gestão deveriam ser companheiras de viagem. Entretanto, a ideologia tanto de professores como de dirigentes vem criando um abismo falso e desnecessário entre elas.

Defendemos que o ensino superior ainda é um setor da economia bastante amador. Nunca houve uma formação inicial ou continuada para reitores, pró-reitores e diretores acadêmicos entenderem a natureza da gestão do seu trabalho, tão distinta de outras atividades da gestão que tem locus e focus bem definidos em outras indústrias. Da mesma forma, coordenadores de curso, membros de Núcleos Docentes Estruturantes, professores e tutores dificilmente tiveram uma formação adequada em aprendizagem – isso se fizeram licenciatura, pois a maioria dos professores universitários nunca teve sequer uma cadeira sobre educação, pedagogia ou didática ao longo da sua carreira.

Sendo assim, fica difícil desenvolver um bom trabalho ou avaliar os resultados dele decorrentes. Ou, citando W. E. Deming, “não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende e não há sucesso no que não se gerencia”. Em nosso caso, a mensagem é clara: os maus resultados que expusemos ao longo de todo o segundo semestre de 2018 são, em boa parte, falta nossa.

Esse EnadeDrops é um pouco mais conceitual, visando lançar bases para entendermos melhor nosso trabalho como gestores e educadores, e consequentemente explorar com mais propriedade as postagens de 2019. Vamos lá?

O PROJETO PEDAGÓGICO – DEFININDO NOSSO TRABALHO

O Projeto Pedagógico do Curso (PPC) é o documento no qual listamos todas as estratégias educativas, pedagógicas e didáticas que serão empregadas ao longo do curso para que o estudante consiga adquirir as competências propostas pela IES, parametrizadas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) e pelas Portarias do Enade.

Nessa etapa, o trabalho é fundamentalmente conduzido pelos coordenadores de curso com o auxílio articulado dos membros de NDE. O maior desafio é a comunidade acadêmica entender que os conteúdos teóricos são apenas a terça parte do trabalho; ele precisa ser complementado pelos experimentos práticos e pelas atitudes adequadas adquiridas pelos futuros egressos.

OS MÉTODOS DE APRENDIZAGEM – GERENCIANDO NOSSO TRABALHO

Os métodos de ensino-aprendizagem serão os caminhos utilizados pelos professores para que as estratégias desenhadas no projeto pedagógico sejam eficazes, eficientes e efetivas. Os métodos serão escolhidos por sua aderência ao que o professor precisa mediar no processo de ensino-aprendizagem, e cada qual conta com protocolos e instrumentos próprios.

Aqui a escolha dos métodos deve ser conduzida pelo professor, mediado pelos membros do NDE, de forma a verificar a aderência do método à competência que precisa ser adquirida pelos estudantes. Ao professor cabe estudar e dominar o método escolhido para que ele seja um adequado mediador e facilitador do processo de aprendizagem do estudante.

A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM – MEDINDO NOSSO TRABALHO

A avaliação da aprendizagem é o trabalho de mapear o progresso do estudante ao longo do curso, de forma a descobrir o que ele aprendeu e em que profundidade ele aprendeu. Da mesma forma com que selecionamos métodos adequados para o processo de ensino-aprendizagem, na avaliação também devemos selecionar tipos de questão e domínios cognitivos apropriados ao que se quer avaliar.

O papel do professor é conduzir, por intermédio de uma matriz de referência, um processo organizado de coleta de dados sobre a aprendizagem e aquisição de competências pelos estudantes – e saber interpretá-los, para determinar onde estão as lacunas de aprendizagem, quais são suas causas e como retomar os saberes de forma mais efetiva.

A AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL – TENDO SUCESSO NO NOSSO TRABALHO

A avaliação institucional é o fechamento de um ciclo, no qual verificamos se os objetivos propostos pelo PPC foram inteiramente alcançados. A avaliação institucional é tanto interna, autoreflexiva, conduzida pela Comissão Própria de Avaliação (CPA), como externa para fins de regulação e inserida no Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Superior (SINAES).

Esse é um processo que demanda o engajamento de toda a comunidade acadêmica, pois é necessário identificar internamente, com a necessária antecedência, onde estão as lacunas de aprendizagem para fechá-las antes que os instrumentos de avaliação do SINAES as acusem e tragam como consequência as temidas perdas de reputação ou de autonomia universitária.

Sabemos que nosso trabalho não é fácil e que não tivemos uma preparação adequada para ele. Entretanto, todos os dias temos que lidar com mais de 200 variáveis enquanto laboramos (vide figura 1 a seguir), e não será humanamente possível lidar essa tarefa enquanto não tivermos qualificação para definir, metodologia para gerenciar, instrumentos para medir e organização para ter o sucesso que merecemos.

Figura 1 – Indicadores pertinentes ao processo avaliativo das IES em 2019

Sendo assim, bem-vindo à Temporada 2019 do EnadeDrops. Nas próximas trinta edições pretendemos partilhar as análises do Componente de Formação Específica das carreiras avaliadas, discutir instrumentos e ampliar nossa visão do universo que é a educação superior. Precisa conversar mais ou mais aprofundadamente? Entre em contato conosco, temos uma gama de oficinas e análises customizadas para a sua IES. Até depois do Carnaval!

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